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Foto do escritorAline Sampaio

Eu tenho uma condição mental, eu não sou ET!

Atualizado: 2 de dez.



Por Aline Sampaio


Às vezes, tenho a impressão de que queremos colocar todo mundo em caixinhas. Criar um manual de instruções para lidar com cada pessoa – Ops, objeto! Eu trabalho bastante com pessoas com condições mentais, eu não chamo de especiais, eu as chamo de pessoas. Todos somos especiais e precisamos ser vistos com nossos lugares.


Às vezes, sou entrevistada e me perguntam: como devo tratar Fulano? E Sicrano? Inclusive, até familiares me fazem essa pergunta. Eu sempre respondo: trate como um ser humano que tem suas particularidades como outros. Sim, às vezes, respondo que ele pode ter esse sintoma e, talvez, funcione assim, mas esse não é o todo, vamos encontrar seus processos. Mas aí vem essas pessoas e questionam: mas ele é doente? precisa de atenção? Etc., etc., etc. Quase sempre somos capacitistas, diminuindo pessoas dentro de nossas preconcepções.


Quem tem alguma condição mental, não é a doença, é uma história, é um sonho, é uma vivência. Sempre digo que se você tem gastrite e seu amigo tem também, vocês têm sintomas semelhantes, mas não se sentem de forma igual. Os sintomas são parte de algo, mas não denominam o que cada um é. É importante termos conhecimento, e assim auxiliarmos a pessoa como ela é.


Inclusive, o remédio que eu tomo pode não ter o mesmo efeito no corpo do meu amigo.

Vale ressaltar que, muitas vezes, os atípicos são mais funcionais, mais legais que os típicos, mais propensos a desenvolver potencialidades do que os típicos.


Devemos ajudar cada um por seu olhar, não por meio de catálogo. Números, informações são importantes, mas números só fazem o todo, não entendem histórias. Às vezes, eu tenho a impressão de que queremos esse manual para facilitar o controle sobre as pessoas. Por exemplo, se ele rir assim, aja desse jeito. Mas a verdade é que cada sorriso de uma pessoa é único, com significado um único para ela. Precisamos entender pessoas como pessoas, e não as definir como produtos. Sentir suas vivências e necessidades. Entendendo que sejam típicos ou atípicos, existem diferenças e precisam de ajuda particularizada. Um típico, por exemplo, pode ter dificuldade com matemática, precisar de reforço, de material adaptado, assim como um atípico.


Mas eu sou a favor de cotas? Com certeza! Exatamente porque nem todos são iguais e, a partir daí, precisamos de um empurrãozinho a mais para chegar a um equilíbrio. Nem todos vão ter o mesmo caminho para chegar ao topo. Por isso, a equidade é superimportante. Para quem não sabe o que é isso, trago informações do blog do Hitachi: “entende-se a premissa que apresenta que cada ser humano é único e, portanto, diferente dos demais. A partir daí, o que temos é um cenário no qual todos precisam ser tratados conforme as suas diferenças particulares para poderem aproveitar as mesmas oportunidades.”


Quando começamos a olhar as pessoas como únicas, não vamos ficar supondo como elas precisariam ser, mas o que elas poderiam oferecer. Nem todo mundo precisa ser igual, mas todo mundo precisa ser feliz pelo que é. Não precisamos ser manada, porque animais precisam se comportar igualmente por questão de proteção natural. Nós somos pensantes para viver, renovar, criar, ser. E assim precisa ser desde a educação em casa até na escola. A escola precisa adaptar, viver e ser. Em casa também. E isso não é um problema, é tudo normal.


Ter uma condição mental não faz ninguém especial, essa pessoa é diferente assim como os outros, e precisa de cuidados, como todo mundo precisa, eu e você. Por isso, não podemos ter preconceitos, porque senão as pessoas com você também vamos ver como ruins. Pessoas com condição mental não são ETs, são pessoas, que têm vida, história, e precisam ser vistas.


Referências


Aline Sampaio

Psicóloga direcionada a Abordagem Centrada Pessoa e Jornalista apaixonada pela informação.

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