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Foto do escritorAline Sampaio

Psicólogo é coisa de doido?


Para começar esse texto, faço outra pergunta: o que é doido? Segundo o dicionário Michaelis, um doido seria aquele que se afasta do habitual, do comum. Então, seríamos todos doidos? Afinal, não somos iguais nem comuns.


O mito que psicólogo é coisa de doido surgiu há bastante tempo, e o motivo é que muito da psicologia surgiu ligado à medicina, mais precisamente à psiquiatria. Na 2ª Grande Guerra – e início da psicologia –, muitos psicólogos trabalhavam em hospitais psiquiátricos, foi aí que começou o mito.


Mas o termo louco e a ideia de loucura surgiram bem antes. Na Europa, na Idade Média, as pessoas diferentes eram consideradas loucas. Inclusive, eram consideradas possuídas e deviam ser queimadas. A ideia vinha do próprio Cristianismo, que condenava pessoas à fogueira por não serem convencionais.


Na Grécia, loucos eram considerados pessoas superiores, cheia de poderes. Já em Roma, pessoas com transtornos ou deficientes eram sacrificadas.


Com o passar dos anos, novas regras e padrões surgiram. Na Revolução Industrial, quem não fosse extremamente disciplinado e produtivo era considerado louco. Era necessário que a pessoa cumprisse diretrizes bem rígidas de vida para ser considerada normal.


Na Medicina, o termo louco foi colocado em prática no dia a dia nos séculos XVIII e XIX. Nessa época, os loucos eram tratados em manicômios, recebiam tratamento por meio de choques, castigos, remédios e eram constantemente vigiados.


Doenças mentais, como esquizofrenia, faziam que pessoas se tornassem loucas. Freud chegou a tratar e cuidar de esquizofrênicos. Um deles foi a princesa Vitória, da Grécia. Ela foi tratada com choques no útero, pois era esquizofrênica. O percursor da psicanálise acreditava que a esquizofrenia era uma doença de mulheres e estaria ligada a histeria.


No Brasil, a precursora por mudar esse estigma do doente mental foi Nise da Silveira. Ela se revoltava com os métodos usados nos manicômios e alegava que seus pacientes eram seres humanos, além da doença, guardando seu conteúdo no inconsciente. Dessa forma, a psiquiatra fez que seus pacientes se comunicassem e se colocassem para o mundo por meio da arte.


O fato de o louco ser diferente fez que houvesse muitas confusões com o passar dos anos: filósofos, homossexuais, transsexuais, mulheres, pintores, gênios, bruxas, ateus, usuários de drogas e muitos outros. Mas a verdade é que louco se tornou apenas um termo bastante pejorativo.


Pessoas que sofrem com doenças mentais na atualidade podem ter uma vida de qualidade como qualquer outra pessoa. Não importa qual doença: desde depressão até esquizofrenia.


É preciso lembrar que a pessoa que tem o diagnóstico não é a própria doença. Sempre costumo reforçar esse exemplo: eu tenho a asma, mas não sou a asma. Eu tenho sintomas da asma na minha vida e consigo viver com isso.


Quando se fala em doenças mentais, as pessoas tendem a ver o cérebro como mágico, colocar termos com alma, exagerar na religiosidade e tantas outras coisas. Sem lembrar que o cérebro é um órgão como os outros.


Para finalizar, queria colocar alguns versos de uma música da banda Mutantes para refletirmos: Dizem que sou louco / Por pensar assim / Se eu sou muito louco / Por eu ser feliz / Mas louco é quem me diz / E não é feliz / Não é feliz.


Será que é louco ser congruente com você mesmo? Viver o que você realmente acredita?


Se for assim: eu prefiro ser louca, e você?


Aline Sampaio

Psicóloga direcionada a Abordagem Centrada Pessoa e Jornalista apaixonada pela informação.

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