Fazer terapia pode não ser um processo fácil para muitas pessoas. Afinal, lidar com sentimentos profundos, erros, problemas, atitudes que parecem vergonhosas para lidar pode ser um caminho tortuoso.
Vale ressaltar que terapia não é um lugar de julgamento, de certo ou errado, é um espaço de acolhimento, liberdade, um ambiente para você ser quem deseja ser, um momento para que você possa ser congruente com seus sentimentos.
Mas há quem tente fugir de todo esse processo terapêutico. Os motivos podem ser diversos para essa fugidinha: medo, ansiedade, gatilhos e tantos outros. Na Abordagem Centrada na Pessoa, isso pode ser muito bem conversado, afinal você escolherá o caminho que deseja seguir. O terapeuta é apenas um coadjuvante nesse processo, ele não ditará as regras de como você deve se expressar.
No entanto, é importante saber por qual motivo você está fugindo? E isso também pode ser tratado na terapia! Aliás, isso é um pressuposto para a conversa em seu relacionamento terapêutico.
O motivo é o terapeuta? Ele precisa entender em qual caminho está falhando para poder mudar e lhe auxiliar. O motivo é como as dores voltam? Você não quer reviver algo? Faça essa pergunta a você mesmo e traga em sua sessão. Afinal, a terapia é um compromisso consigo próprio.
O terapeuta não está no consultório para lhe dar respostas, mas amparo para que você possa transformar sua vida e possa ser congruente com você mesmo, seus sonhos, suas escolhas e tudo mais.
Escolher estar naquele ambiente, escolher vivenciar suas emoções, escolher ficar calado, escolher falar, escolher estar no período que desejar na terapia é um direito seu, e o psicólogo na ACP terá a compreensão empática para que haja um melhor relacionamento com você.
Escolher também é comunicar seus desejos. Afinal, como o psicólogo poderá saber suas necessidades? Você também tem responsabilidade nesse relacionamento. Rogers dizia: “O professor e o aluno se tornam colegas na responsabilidade de cada um quanto ao tempo de aula” (ROGERS, 1973, p. 34). É preciso que você oriente quais lugares deseja ser tocado para que o encontro a cada dia possa ser mais prazeroso.
Os autores Joana Tolentino e Paulo Mendes Taddei trazem um conceito muito bacana para explicar essas escolhas: “Esse processo é também um processo de tornar-se livre, isto é, à medida que a pessoa usufrui de sua liberdade de escolha no sentido de decidir por uma vida plena, mais plenamente também ela pode tomar rumo de sua vida, de modo a escolher as novas decisões que aparecerão de modo ainda mais livre.”.
Por isso, vale salientar que a terapia é processo de comprometimento consigo e não com o terapeuta. Encontrar a congruência depende de você.
Piada interna: “Ah!, mas se puder ser bonzinho com terapeuta?” Seja, ok! Risos. A verdade é que, para encontrar sua congruência, é preciso ter um bom relacionamento com seu terapeuta, afinal ele é quem vai segurar suas mãos nos momentos difíceis, respeitar seu espaço.
Escolher, no relacionamento terapêutico, é também falar sobre direitos e deveres. Pergunte ao seu psicólogo quais são os dele e explique quais os seus.
Inclusive, você é responsável por suas consultas. O comprometimento de seu processo depende de suas atitudes.
Seja claro, converse e seja empático com o profissional que lhe auxilia!
Referências
TOLENTINO, Joana; TADDEI, Paulo Mendes. Teoria geral de Carl Rogers. Sem data. Disponível em: https://humana.social/teoria-geral-de-carl-rogers
___. Liberdade para aprender. Belo Horizonte: Interlivros, 1973.
Aline Sampaio
Psicóloga direcionada a Abordagem Centrada Pessoa e Jornalista apaixonada pela informaçã
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